Tuesday, April 12, 2011

[ENTREVISTA] Francisca Cortesão (Minta)

Francisca Cortesão nasceu em 1983 no Porto e, desde cedo, que o seu gosto pela música despertou. Ainda não muito conhecida do grande público, a verdade é que o seu álbum de estreia enquanto singer-songwriter através do projecto «Minta & The Brook Trout» (disponível disco especial ao vivo AQUI) alcançou excelentes críticas nos media especializados, tendo feito parte de algumas das listas de melhores discos do Ano. Tendo-se iniciado nos Casino, colaborou com diversos músicos, sendo que o facto de ter sido escolhida pelo David Fonseca para substituir a Rita Redshoes na banda que acompanha o músico, constitui até agora o seu momento alto e que lhe conferiu alguma maior visibilidade.

Mas Francisca não pára e é uma mulher com sonhos. Recentemente, juntamente com três amigos, criou o projecto «They're Heading West» que pretende responder a um sonho de Francisca: tocar na costa Oeste dos EUA e Canadá, o que deverá acontecer lá para Setembro deste ano. O Eclectismo Musical esteve à conversa com Francisca e ficámos a conhecer melhor esta promissora artista.

Francisca Cortesão ou Minta? Como te vês e em que pele te sentes melhor enquanto artista?

“Minta” foi só um nome que surgiu na altura em que editei o meu primeiro EP, You, em 2008. E antes disso já fazia música, e usava o meu nome. E depois disso, em todos as bandas que não Minta & The Brook Trout em que colaboro, tenho usado sempre o meu nome. Francisca Cortesão, portanto, é como me sinto melhor. Acho sempre estranhíssimo quando alguém me chama Minta.

Como descobriste a música e a tua veia de «cantautora»?

Cresci numa família muito virada para as artes em geral e também para a música. As paredes da nossa casa estavam cheias de livros e de discos e muito cedo me começaram a levar ao cinema, a exposições e a concertos. Lembro-me de tocar no piano de casa da minha tia-avó antes de ir para a escola primária. Fui para a escola de música pelos dez anos. Por essa altura comecei também a inventar as primeiras canções, mas eram horríveis. A primeira que acho boa, “The Wonderful Miss D” foi escrita quando eu tinha para aí treze anos, para os Casino, a minha banda da altura.



Começaste a tua carreira mais a sério nos Casino. Já deu para perceberes se queres ser uma artista solitária, na acepção mais «singer-songwriter» clássica ou se preferes o "conforto" de pertencer a uma banda?

Gosto muito de tocar e de escrever canções. Tenho a sorte de saber que é isso que gosto mesmo de fazer na vida, e descobri-o muito cedo. Não quero de todo ser uma “artista solitária”, a única razão porque tive uma fase assim foi porque os Casino acabaram e de repente me vi sem banda, mas com canções que queria ver andar. Mas digo-te de caras que o grande prazer de fazer música vem de tocar com outras pessoas, e tenho tido a sorte de trabalhar com músicos maravilhosos nos últimos anos.

















Lançaste em 2009, enquanto «Minta & The Brook Trout» o teu álbum de estreia, depois do muito bem recebido EP «You». Que balanço fazes do resultado desse lançamento? Para além das excelentes críticas na imprensa especializada sentiste ter chegado às pessoas?


Estou muito contente com o disco, e com a reacção das pessoas. Para além das críticas muito simpáticas aquilo que nos têm dito, nos concertos e através da internet, têm sido só coisas boas. Foi também isso que me levou a querer fazer um espectáculo especial, com convidados, e um novo disco a partir desse concerto. Sai finalmente no dia 11 de Abril (só em formato digital) e chama-se Carnide, em honra da freguesia em que fica o Teatro da Luz, onde gravámos a 19 de Dezembro do ano passado.


A propósito, qual consideras ser o «estado d'arte» da música feita em Portugal?

De alguma maneira, acho que estamos melhor que nunca. Há muita gente a fazer coisas interessantes, e muito diversas. E apesar de as editoras grandes não estarem em condições de apostar em muitos artistas novos, as bandas têm agora outras maneiras de fazer chegar a música às pessoas. A única coisa que espero que venha a melhorar é o número e a variedade de salas para fazer concertos.


Chegaste ao conhecimento das pessoas através das novas tecnologias, quais os canais que continuas a utilizar de uma forma mais activa para comunicares com os teus fãs?


Acho que não tenho propriamente fãs! Mas, neste momento, comunico com as pessoas que nos ouvem sobretudo através do Facebook, para além do meu site (www.minta.me), que actualizo regularmente, e da newsletter que envio sempre que há concertos ou outras novidades. Para partilhar música uso o Bandcamp e o SoundCloud, dois sites que funcionam muitíssimo bem. No início o MySpace foi muito importante, foi como comecei a mostrar as canções, mas neste momento está meio moribundo.

Qual é a ordem do teu processo criativo? Tens um método ou varia consoante o momento?

Nem te consigo responder essa pergunta, de tão anárquico o meu “processo criativo”…



















Como é a vida profissional/académica da Francisca Cortesão para além dos «alter-egos» musicais?


Vida académica já não tenho, terminei há dois anos um mestrado em Edição de Texto pela FSCH da Universidade Nova de Lisboa e não penso voltar a estudar tão cedo. Fora a música, a actividade profissional que me dá mais gozo é traduzir.

Que nomes colocavas no teu "Festival Ideal"? (Vivos ou não)

Só vivos. Um festival muito calmo com Laura Veirs, Gillian Welch, Conor Oberst, Joanna Newsom, Andrew Bird, Beth Orton.


Estás neste momento a lançar, mais uma vez com o apadrinhamento do Henrique Amaro e da Antena 3, o projecto "They're Heading West". Queres explicar a ideia e o rumo que pretendem tomar?

O rumo é oeste! A banda foi formada com o intuito de ir tocar à Costa Oeste dos EUA e Canadá. Sempre quis ir tocar a essa parte do mundo, que é de onde vem quase toda a cultura que consumo. E muito melhor do que ir sozinha tocar as minhas canções é ir com três amigos – o Sérgio Nascimento, o João Correia e a Mariana Ricardo – e tocar canções de todos. Vamos, se tudo correr bem, em Setembro. Até lá, e desde Fevereiro, que foi quando criámos esta ideia de They’re Heading West estamos a fazer um concerto por mês no bar da Barraca, em Lisboa, sempre com uma banda ou artista convidado. O Henrique Amaro convidou-nos para gravar um “concerto de bolso” para a Antena 3 e daí resultou uma espécie de EP de seis músicas, duas minhas (de Minta), duas da Mariana e duas do João (de Julie & The Carjackers).



Quando olhas para ti consegues dizer: "este vai ser o meu plano de carreira", ou entendes a criação sobretudo como fruição?

Não consigo pensar “este vai ser o meu plano de carreira”, mas porque em geral não consigo pensar a longo prazo. As coisas tem vindo a acontecer, primeiro Casino, depois Minta & The Brook Trout, tocar com o David Fonseca, They’re Heading West, tocar com o B Fachada. Vou andando e vendo, sem fazer grandes planos. Para já está a funcionar bem!



Para terminar, qual é a pergunta que nunca te fizeram numa entrevista e a que sempre quiseste responder?

Não faço ideia. É essa a graça das entrevistas, não sou eu que penso nas perguntas!

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Eclectismo Musical: [ENTREVISTA] Francisca Cortesão (Minta)

[ENTREVISTA] Francisca Cortesão (Minta)

Francisca Cortesão nasceu em 1983 no Porto e, desde cedo, que o seu gosto pela música despertou. Ainda não muito conhecida do grande público, a verdade é que o seu álbum de estreia enquanto singer-songwriter através do projecto «Minta & The Brook Trout» (disponível disco especial ao vivo AQUI) alcançou excelentes críticas nos media especializados, tendo feito parte de algumas das listas de melhores discos do Ano. Tendo-se iniciado nos Casino, colaborou com diversos músicos, sendo que o facto de ter sido escolhida pelo David Fonseca para substituir a Rita Redshoes na banda que acompanha o músico, constitui até agora o seu momento alto e que lhe conferiu alguma maior visibilidade.

Mas Francisca não pára e é uma mulher com sonhos. Recentemente, juntamente com três amigos, criou o projecto «They're Heading West» que pretende responder a um sonho de Francisca: tocar na costa Oeste dos EUA e Canadá, o que deverá acontecer lá para Setembro deste ano. O Eclectismo Musical esteve à conversa com Francisca e ficámos a conhecer melhor esta promissora artista.

Francisca Cortesão ou Minta? Como te vês e em que pele te sentes melhor enquanto artista?

“Minta” foi só um nome que surgiu na altura em que editei o meu primeiro EP, You, em 2008. E antes disso já fazia música, e usava o meu nome. E depois disso, em todos as bandas que não Minta & The Brook Trout em que colaboro, tenho usado sempre o meu nome. Francisca Cortesão, portanto, é como me sinto melhor. Acho sempre estranhíssimo quando alguém me chama Minta.

Como descobriste a música e a tua veia de «cantautora»?

Cresci numa família muito virada para as artes em geral e também para a música. As paredes da nossa casa estavam cheias de livros e de discos e muito cedo me começaram a levar ao cinema, a exposições e a concertos. Lembro-me de tocar no piano de casa da minha tia-avó antes de ir para a escola primária. Fui para a escola de música pelos dez anos. Por essa altura comecei também a inventar as primeiras canções, mas eram horríveis. A primeira que acho boa, “The Wonderful Miss D” foi escrita quando eu tinha para aí treze anos, para os Casino, a minha banda da altura.



Começaste a tua carreira mais a sério nos Casino. Já deu para perceberes se queres ser uma artista solitária, na acepção mais «singer-songwriter» clássica ou se preferes o "conforto" de pertencer a uma banda?

Gosto muito de tocar e de escrever canções. Tenho a sorte de saber que é isso que gosto mesmo de fazer na vida, e descobri-o muito cedo. Não quero de todo ser uma “artista solitária”, a única razão porque tive uma fase assim foi porque os Casino acabaram e de repente me vi sem banda, mas com canções que queria ver andar. Mas digo-te de caras que o grande prazer de fazer música vem de tocar com outras pessoas, e tenho tido a sorte de trabalhar com músicos maravilhosos nos últimos anos.

















Lançaste em 2009, enquanto «Minta & The Brook Trout» o teu álbum de estreia, depois do muito bem recebido EP «You». Que balanço fazes do resultado desse lançamento? Para além das excelentes críticas na imprensa especializada sentiste ter chegado às pessoas?


Estou muito contente com o disco, e com a reacção das pessoas. Para além das críticas muito simpáticas aquilo que nos têm dito, nos concertos e através da internet, têm sido só coisas boas. Foi também isso que me levou a querer fazer um espectáculo especial, com convidados, e um novo disco a partir desse concerto. Sai finalmente no dia 11 de Abril (só em formato digital) e chama-se Carnide, em honra da freguesia em que fica o Teatro da Luz, onde gravámos a 19 de Dezembro do ano passado.


A propósito, qual consideras ser o «estado d'arte» da música feita em Portugal?

De alguma maneira, acho que estamos melhor que nunca. Há muita gente a fazer coisas interessantes, e muito diversas. E apesar de as editoras grandes não estarem em condições de apostar em muitos artistas novos, as bandas têm agora outras maneiras de fazer chegar a música às pessoas. A única coisa que espero que venha a melhorar é o número e a variedade de salas para fazer concertos.


Chegaste ao conhecimento das pessoas através das novas tecnologias, quais os canais que continuas a utilizar de uma forma mais activa para comunicares com os teus fãs?


Acho que não tenho propriamente fãs! Mas, neste momento, comunico com as pessoas que nos ouvem sobretudo através do Facebook, para além do meu site (www.minta.me), que actualizo regularmente, e da newsletter que envio sempre que há concertos ou outras novidades. Para partilhar música uso o Bandcamp e o SoundCloud, dois sites que funcionam muitíssimo bem. No início o MySpace foi muito importante, foi como comecei a mostrar as canções, mas neste momento está meio moribundo.

Qual é a ordem do teu processo criativo? Tens um método ou varia consoante o momento?

Nem te consigo responder essa pergunta, de tão anárquico o meu “processo criativo”…



















Como é a vida profissional/académica da Francisca Cortesão para além dos «alter-egos» musicais?


Vida académica já não tenho, terminei há dois anos um mestrado em Edição de Texto pela FSCH da Universidade Nova de Lisboa e não penso voltar a estudar tão cedo. Fora a música, a actividade profissional que me dá mais gozo é traduzir.

Que nomes colocavas no teu "Festival Ideal"? (Vivos ou não)

Só vivos. Um festival muito calmo com Laura Veirs, Gillian Welch, Conor Oberst, Joanna Newsom, Andrew Bird, Beth Orton.


Estás neste momento a lançar, mais uma vez com o apadrinhamento do Henrique Amaro e da Antena 3, o projecto "They're Heading West". Queres explicar a ideia e o rumo que pretendem tomar?

O rumo é oeste! A banda foi formada com o intuito de ir tocar à Costa Oeste dos EUA e Canadá. Sempre quis ir tocar a essa parte do mundo, que é de onde vem quase toda a cultura que consumo. E muito melhor do que ir sozinha tocar as minhas canções é ir com três amigos – o Sérgio Nascimento, o João Correia e a Mariana Ricardo – e tocar canções de todos. Vamos, se tudo correr bem, em Setembro. Até lá, e desde Fevereiro, que foi quando criámos esta ideia de They’re Heading West estamos a fazer um concerto por mês no bar da Barraca, em Lisboa, sempre com uma banda ou artista convidado. O Henrique Amaro convidou-nos para gravar um “concerto de bolso” para a Antena 3 e daí resultou uma espécie de EP de seis músicas, duas minhas (de Minta), duas da Mariana e duas do João (de Julie & The Carjackers).



Quando olhas para ti consegues dizer: "este vai ser o meu plano de carreira", ou entendes a criação sobretudo como fruição?

Não consigo pensar “este vai ser o meu plano de carreira”, mas porque em geral não consigo pensar a longo prazo. As coisas tem vindo a acontecer, primeiro Casino, depois Minta & The Brook Trout, tocar com o David Fonseca, They’re Heading West, tocar com o B Fachada. Vou andando e vendo, sem fazer grandes planos. Para já está a funcionar bem!



Para terminar, qual é a pergunta que nunca te fizeram numa entrevista e a que sempre quiseste responder?

Não faço ideia. É essa a graça das entrevistas, não sou eu que penso nas perguntas!

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