Sunday, January 30, 2005

Inspiração em dose dupla


I'm Wide Awake, It's Morning - Bright Eyes
Digital Ash In A Digital Urn - Bright Eyes

Felizmente todos os audiófilos estão habituados a desfrutar do trabalho de pequenos génios capazes de ultrapassar a mediania. Um desses pequenos génios é, sem qualquer sombra de dúvida, Conor Oberst que, aos 24 anos, consegue demonstrar uma solidez e maturidade impressionantes.


Os Bright Eyes (Conor Oberst + músicos convidados) são, desde há alguns anos, uma banda de culto no panorama alternativo americano, com trabalhos aclamados como «Letting Off The Happiness» ou «Fevers and Mirrors».

Em 2005, decidiram lançar no mesmo dia, não um, mas dois excelentes trabalhos. Com atmosferas um pouco diferentes, mas tendo ambos a marca iniludível de qualidade de Conor Oberst. Enquanto, «I'm Wide Awake, It's Morning», é claramente um sucessor directo dos anteriores álbuns dos Bright Eyes, percorrendo os ambientes do folk num registo acústico, onde as palavras e voz de Conor Oberst ganham particular destaque, o que aliás foi sempre a imagem de marca do projecto. Este trabalho é também ele um disco-conceito, que pretende contar a história de um jovem provincial do estado do Nebraska, que chega a New York. Relato cru e emotivo que espelha bem as diferenças entre as grandes metrópoles e as pequenas cidades do interior.

«Digital Ash In A Digital Urn», é um disco revolucionário que extravasa em grande medida aquilo que os Bright Eyes haviam demonstrado até agora. É um disco marcadamente experimental, embora tendencialmente menos dark, menos indie, com o poder dos rifts da guitarra de Nick Zinner (Yeah Yeah Yeahs) que aqui faz parceria com Conor a transformar o som habitual das composições dos BE, em algo diferente chegando em alguns momentos a assemelhar-se a algo "perigosamente" pop. Irá ser certamente o trabalho menos consensual da carreira dos Bright Eyes. Tem efectivamente laivos de «Ok Computer» dos Radiohead, no sentido de ruptura e alteração de rumo. Embora aqui, esse efeito seja em grande parte atenuado pelo facto de ter sido lançado na mesma data um álbum verdadeiramente Bright Eyes, o que não se verificou aquando do referido trabalho dos Radiohead.

Neste trabalho são de destacar faixas como: «Gold Mine Gutted»; «Hit the switch»; «Take It Easy»; «Devil in details»; «Light pollution» e «Ship in a bottle».

Já em «I'm Wide Awake, It's Morning», são de destacar: «Lua» (single de apresentação); «We Are Nowhere, And It's Now»; «Old Soul Song (For The New World Order)»; «Train Under Water»; «First Day of My Life» e «Road To Joy».

Concerto disponível em: NPR: All Songs Considered

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Eclectismo Musical: Inspiração em dose dupla

Inspiração em dose dupla


I'm Wide Awake, It's Morning - Bright Eyes
Digital Ash In A Digital Urn - Bright Eyes

Felizmente todos os audiófilos estão habituados a desfrutar do trabalho de pequenos génios capazes de ultrapassar a mediania. Um desses pequenos génios é, sem qualquer sombra de dúvida, Conor Oberst que, aos 24 anos, consegue demonstrar uma solidez e maturidade impressionantes.


Os Bright Eyes (Conor Oberst + músicos convidados) são, desde há alguns anos, uma banda de culto no panorama alternativo americano, com trabalhos aclamados como «Letting Off The Happiness» ou «Fevers and Mirrors».

Em 2005, decidiram lançar no mesmo dia, não um, mas dois excelentes trabalhos. Com atmosferas um pouco diferentes, mas tendo ambos a marca iniludível de qualidade de Conor Oberst. Enquanto, «I'm Wide Awake, It's Morning», é claramente um sucessor directo dos anteriores álbuns dos Bright Eyes, percorrendo os ambientes do folk num registo acústico, onde as palavras e voz de Conor Oberst ganham particular destaque, o que aliás foi sempre a imagem de marca do projecto. Este trabalho é também ele um disco-conceito, que pretende contar a história de um jovem provincial do estado do Nebraska, que chega a New York. Relato cru e emotivo que espelha bem as diferenças entre as grandes metrópoles e as pequenas cidades do interior.

«Digital Ash In A Digital Urn», é um disco revolucionário que extravasa em grande medida aquilo que os Bright Eyes haviam demonstrado até agora. É um disco marcadamente experimental, embora tendencialmente menos dark, menos indie, com o poder dos rifts da guitarra de Nick Zinner (Yeah Yeah Yeahs) que aqui faz parceria com Conor a transformar o som habitual das composições dos BE, em algo diferente chegando em alguns momentos a assemelhar-se a algo "perigosamente" pop. Irá ser certamente o trabalho menos consensual da carreira dos Bright Eyes. Tem efectivamente laivos de «Ok Computer» dos Radiohead, no sentido de ruptura e alteração de rumo. Embora aqui, esse efeito seja em grande parte atenuado pelo facto de ter sido lançado na mesma data um álbum verdadeiramente Bright Eyes, o que não se verificou aquando do referido trabalho dos Radiohead.

Neste trabalho são de destacar faixas como: «Gold Mine Gutted»; «Hit the switch»; «Take It Easy»; «Devil in details»; «Light pollution» e «Ship in a bottle».

Já em «I'm Wide Awake, It's Morning», são de destacar: «Lua» (single de apresentação); «We Are Nowhere, And It's Now»; «Old Soul Song (For The New World Order)»; «Train Under Water»; «First Day of My Life» e «Road To Joy».

Concerto disponível em: NPR: All Songs Considered